quarta-feira, 22 de junho de 2011

A EXPLICAÇÃO PARA O AMOR

Quem é capaz de ver o amor ou apalpa-lo?
Quem é capaz de descrever o amor na sua mais profunda complexidade?
Quem possui o dom de dar ordens ao amor? Dizer a ele que volte em outro dia, em outra hora ou em outra vida?
Como explicar o abismo existente entre a razão e o amor?
Como explicar a sensação de estar presa a um ser invisível?
Como descrever as características do amor? Será ele cego? Será ele lúcido? Será ele complacente, ríspido, egoísta, sofredor, companheiro, amigo? Como encontrar e explicação para esse sentimento?
Gostaria de marcar um encontro com o amor e poder dialogar com ele. Gostaria de entender os motivos de sua existência e poder questionar sua tão perfeita intensidade. Gostaria de entender o porquê ele entra na vida do ser humano sem pedir licença, ou permissão. Gostaria de saber por que ele se instala tão profundamente no coração humano e nada e ninguém pode arranca-lo. Gostaria de conhecer a sua face e reverencia-lo pessoalmente.
Sou incapaz de compreender o amor. Sou incapaz de emitir explicações sobre esse nobre e profundo sentimento... Sou incapaz de lutar contra ele e as minhas muitas tentativas foram absolutamente em vão.
Rendi-me ao amor. Rendi-me aos seus encantos, às suas facetas. Fui abduzida pela naturalidade com que o amor se comporta. Ele é simplesmente verdadeiro, e sua transparência às vezes me incomoda. Não há como esconder um coração que ama... Não há como ignorar a atitude desse sentimento... Não há como desprezar os vícios do amor...
Descobri que ninguém pode se esconder do amor. Quando ele quer, ele encontra seu alvo, se instala e ali permanece, fazendo com que o ser humano, na sua mediocridade, se renda a sua grandiosidade.
Creio que passaríamos a vida tentando entender o amor, absolutamente sem sucesso. Porque quem ama nada mais deseja se não amar, amar e amar e amar novamente. Mesmo que o amor nos conduza ao caminho da dor e do sofrimento. A explicação de quem ama é vazia, pois o amor não se explica, até porque ele é invisível.
Rita de Cássia Rodrigues (SP, 22 de junho de 2011)