quarta-feira, 7 de setembro de 2011

INVENTAMOS O NOVO E NÃO CONSEGUIMOS DESTRUIR O VELHO

Nós seres humanos mortais, somos as criaturas mais engenhosas do universo.
Cansamos de viver em cavernas e inventamos as casas. Cansamos de utilizar os pobres animais como meio de transporte e criamos os carros. Cansamos de tomar chuva e inventamos o guarda-chuva. Cansamos de escrever com as mãos e inventamos a máquina de escrever. Cansamos de viver sobre as sombras das velas e criamos a eletricidade. Cansamos do marasmo da noite e inventamos a televisão. Compreendemos a grandeza das distâncias que separam o mundo e criamos os barcos e os aviões. Cansamos dos trabalhos manuais e criamos as máquinas e posteriormente criamos a automação. Cansamos de levantar pesos e criamos as empilhadeiras. Entendemos a importância da globalização e inventamos a internet. Cansamos de sofrer de dor e inventamos as pastilhas. Cansamos de ter filhos e inventamos os anticoncepcionais.  Cansamos da antiga administração e criamos a reengenharia dos processos.
O homem, através da ciência, da tecnologia e da tão falada inovação, encontra as mais diversas soluções para os males que assolavam o mundo. No entanto, o homem não é capaz de encontrar a solução para as doenças do coração humano.  
Milhares de pessoas morrem diariamente no mundo porque não conseguem inventar a reengenharia para o ódio, para o orgulho, para a arrogância, para o desprezo, para as intrigas, para as doenças da alma que conduzem os seres humanos para um abismo profundo.
O homem inventou a vacina para deter os vírus que debilitam as células humanas, mas foi incapaz de criar um antídoto para deter a mentira.
O homem foi capaz de criar o antibiótico para eliminar as grandes infecções do corpo, mas foi incapaz de criar um remédio para a desonestidade.
Inventamos cremes maravilhosos para tirar a celulite, mas somos incapazes de criar uma substância que elimine a gordura da avareza que nasce no coração do homem.  
O homem estudou o universo, as formas, as dimensões, as criaturas, a natureza, aprendendo como tirar benefício da vida. Mas acredito se esqueceu de estudar sua própria vida, seus próprios valores e seus mais profundos sentimentos.
Realmente a capacidade de criação do ser humano é algo inexplicável. Ao meu entender, quase alcança a soberania. Mas a diferença é que o ser humano nunca vai chegar à condição de Deus. Pelo simples fato de sua constante busca pelo novo não ter alcançado a maior de todas as engenharias: encontrar a solução para a sua própria morte.
Reverencio àqueles poucos que conseguiram inventar a reengenharia da vida, pois tenho a convicção que no meio desse caminho para o novo eles encontraram a DEUS e puderam contemplar a sua face.

Rita de Cássia Rodrigues
São Paulo, 7 de setembro de 2011.