segunda-feira, 18 de outubro de 2010

UM CORAÇÃO QUE DESEJA O AMOR

Meu coração está aflito entre a possibilidade de amar novamente e a de me frustrar em consequência de uma nova entrega.
Ouço o gemido da minha própria alma me indagando se estou fazendo as escolhas corretas. Mas o que seria o correto? Ouvir o som do coração e dançar de acordo com a sua melodia ou simplesmente interromper a sinfonia com a prática do racional?
Devo eu engessar os meus sentimentos, sufocar as minhas atitudes, interromper o inevitável? Ou devo eu me entregar ao ocorrido?
Paixão? Sentimento que ficou no passado e lá permanece adormecido. Até que a luz dos meus olhos possa encontrar a luz dos olhos de um outro alguém. Alguém especial, que no espaço de poucos dias possa cativar o meu coração. A presença dessa pessoa deverá ser como um perfume agradável, que oferta-me o balsamo da alegria. A companhia dele deverá ser a inspiração para os meus sonhos, que invadirão as minhas noites se fazendo presente em cada anoitecer.  
Descobri que a felicidade é um momento, um instante, um permanecer no presente, incondicionado ao futuro, visto que o futuro se revela através do silêncio e do silêncio não quero viver! Quero viver o presente, fazendo a opção de desfrutar cada momento, envolvida completamente pelo sentimento que invade a minha existência, me fazendo consumir em satisfação momentânea, visto que a vida não está no controle das minhas mãos.
Temo o amanhã, temo a entrega. Mas amo o presente e amo estar nos braços da vida, tendo a possibilidade de encontrar alguém que possa cativar a minha alma. Espero ansiosamente encontrar uma pessoa que me faça acreditar que novamente posso amar, posso cuidar, posso proporcionar, posso doar-me, posso me entregar, posso me despir da capa escura que cobre o meu coração.
Se pensar nos medos da minha alma, não vivo o agora. Se viver o agora, não posso eu pensar nos medos. Mas e o meu coração, será que está pronto para viver tais sentimentos? Perco-me em meus muitos pensamentos. Não vejo resposta. Mas sei que assim como a canção só tem razão de ser se for cantada e a arte só tem razão de existir se contemplada, o meu coração só tem razão de bater se puder realmente amar e ser amado.
Não obstante, quando analiso os meus devaneios, penso no homem que meu coração deseja amar, e nele vejo ternura em seus toques, vejo afeto em seus abraços, vejo desejo profundo em suas atitudes, vejo paixão nos seus olhos, vejo encanto no seu jeito de ser, vejo música, vejo arte, vejo poesia, vejo esperança, vejo sentimento, vejo a dança da vida, vejo a atuação de um amante, vejo a praticidade do ser, vejo a alegria do interpretar, vejo a simplicidade dos detalhes, vejo a maravilha da vida na simplicidade dos seus toques, vejo a inspiração nas suas palavras, vejo a expressão no seu olhar e o resumo dos sentimentos nos toques dos seus deliciosos lábios. Será que realmente esse ser existe?
É claro que a vida é perfeitamente boa. É claro que amar é a expressão mais intensa da alma. É claro que a vida é feita de maravilhosos momentos. É claro que não quero me perder em meio à confusão dos meus sentimentos. Mas claro ainda é que o claro ficou nítido quando percebi que a qualquer momento posso me apaixonar. Assim, o fato de controlar os meus sentimentos pode ser tardio porque a razão só conhece realmente o fato quando o ocorrido já aconteceu.  
(Rita de Cássia Rodrigues)

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